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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Exposição "Lusitânia Romana - Origem de dois povos" - Museu Nacional de Arqueologia

província romana da Lusitânia, uma entidade administrativa criada há mais de 2.000 anos – entre 16-13 a. C. – é talvez uma das menos conhecidas pela historiografia, apesar de ser uma das mais interessantes, devido à sua localização geográfica no Império Romano, como finis terrarum, pela diversidade de povos que a habitavam e recursos endógenos existentes, bem como ao significado político da sua criação. Teve como capital a colónia Augusta Emerita, cidade mandada fundar ex-nihilo, em 25 a.C., pelo próprio imperador Augusto, que incumbiu o seu genro Marcos Agripa de a criar e ali distribuir terras aos veteranos (eméritos) de duas legiões, essencialmente itálicos, que integraram os contingentes militares envolvidos nas guerras de pacificação do noroeste da Península Ibérica, realizadas nos anos 20 do século I a.C. contra os povos Ástures e Cântabros.(excerto da nota de imprensa. Ler nota integral aqui)


Aceder à página da exposição aqui (sugiro a leitura da explicação e contextualização histórica, acessível por tópicos precisamente passando o cursor sobre o separador "Exposição")


O conjunto de fotos que aqui apresento incide apenas sobre uma pequena parte da exposição, pelo que não reflete nem em quantidade nem em qualidade a totalidade do acervo exposto. São apenas algumas fotos que refletem, necessariamente, a minha visão e interesses muito particulares, não sendo nem de longe nem de perto um conjunto realmente representativo de todos os aspetos do acervo temporário da exposição, e muito menos do acervo permanente do Museu Nacional.  


(clicar para abrir)

Fachada do Museu Nacional de Arqueologia (geminado ao Mosteiro dos Jerónimos)

Estela comemorativa de sacrifícios animais realizados a deuses luso-romanos. De notar que os caracteres inscritos são latinos, mas a língua é lusitana - ou melhor dito, pertence a um dos povos ibéricos que os romanos designaram pelo nome geral de "lusitanos"

Tradução da estela apresentada acima

Deusa Ísis. Esta deusa de origem egípcia tornou-se bastante popular um pouco por todo o império romano tardio, pelo que não é de admirar que em plena Lusitânia romana tenham sido encontrados abundantes vestígios do seu culto, como efígies e até templos. 

Deusa Minerva, a "versão romana" de Atena, a luminosa deusa grega da Sabedoria, da Força e da Beleza, padroeira de Atenas

Deus Mithra, o extraordinário deus de origem persa, símbolo solar da ordem e harmonia cósmicas. Este deus tornou-se imensamento popular no império romano, sendo adorado por grandes e pequenos, senhores, soldados e escravos. Os culto de Mithra tem grandes semelhanças com o cristianismo primitivo, e os seus rituais e "mistérios" revelam um grande refinamento espiritual e místico. 

Idem

Curiosa esta estela que exibe uma prece de vingança à deusa Proserpina, "versão romana" da deusa grega Perséfone, filha de Deméter, raptada por Hades do mundo celeste para o mundo inferior e "infernal", e peça central dos poderosos mistérios de Eleusis. Há quem defenda que o mito do rapto de Perséfone pretende simbolizar o rapto ou a queda da alma na matéria, que desse modo entra no ciclo interminável e sofredor dos renascimentos (que os gregos designavam por metempsicose). 

Cá está. Uma estela que comemora o nascimento de Mithra, erigida por um senhor romano em sinal de agradecimento ao deus. 

Deus Endovélico. O famoso - ainda que misterioso - deus lusitano, que segundo se crê ocupava um lugar centralíssimo no panteão dos lusitanos

Explicação histórica de um dos aspetos do museu, relacionado desta feita com o fim do império romano e a emergência do cristianismo como religião do império, como o imperador Teodósio em 380 d. C.

Efígies dos famosos soldados caldaicos (ou galaicos), que representam, segundo se crê, soldados lusitanos. De notar que as efígies encontradas representam os soldados sempre da mesma maneira, com pequenas variações, sendo curioso o facto de parecerem ter um olho fechado e outro aberto, como se houvesse nisso alguma espécie de significado ritual ou relacionado com a formação espiritual do guerreiro.
(estas efígies fazem parte do acervo permanente do Museu

Idem

Idem

Molde em gesso de um dos mais famosos e intrigantes relevos representantes do deus Mithra aureolado.


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