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sexta-feira, 6 de março de 2015

Porto-Este + Complexo romano de anfiteatro e banhos + Biblioteca Alexandrina - O mundo em livros + Museu Nacional de Alexandria - Alexandria, Egipto


Crónica em imagens de uma cidade que foi do Conhecimento, mas que hoje já pouco se conhece; de uma cidade que foi de Luz, mas que a poeira levantada pelo tempo em sucessivas vagas de conquistas e conquistadores, cobiças e cobiçadores, acabou por obscurecer. Muitos a cobiçaram, a "pérola do Mediterrâneo", uns para destruir e outros para a edificar. Uns para a fechar e isolar, outros para a abrir e a oferecer ao mundo. Egípcios, gregos, romanos, muçulmanos, ingleses, franceses. Mas nem tudo se perdeu: há lugares onde ainda se sente o aroma de uma promessa antiga, lugares onde brilha ainda o fulgor de uma idade que cultivava o espírito, a beleza e a verdade. Lugares onde medrou com vigor e sucesso uma outra ideia de humanidade, mais ampla e profunda. Foi sobretudo dessa Alexandria que fui à procura.


(clique nas fotos para ampliar)

Uma rua em direção ao Porto-Este de Alexandria


Marginal de Alexandria


Um pouco mais da marginal de Alexandria, nas imediações do Porto-Este



Edifício da atual Biblioteca Alexandrina, construída em 2002 em homenagem à antiga Grande Biblioteca, que se crê que se localizava algures por aqui. A sua arquitetura é extremamente significativa. Como um templo astronómico antigo, abre-se inteira ao céu, sem teto que a cubra. Não fosse a astronomia uma das ciências mais importantes e significativas para os egípcios, e não só, desde tempos imemoriais. E, com certeza, também na antiga Grande Biblioteca. Ao mesmo tempo, abre-se inteiramente à luz que lhe chega, sem constrangimentos, exatamente aquilo que se espera de alguém que se dedica ao culto do conhecimento. 

Mais uma panorâmica da Biblioteca, desta feita do lado oeste junto ao planetário (a esfera cinzenta à esquerda da imagem)

....e bem em frente à Biblioteca, o magnífico Porto-Este, a "garganta" que alimentava a biblioteca, não só de sábios mas também de livros. Por aquela estreita entrada ao fundo, no centro da imagem, entravam mercadores, viajantes e filósofos de todas as paragens do mundo mediterrânico. Muitos deles traziam consigo escritos, mas também ideias, mundivisões, culturas....



Panorâmica 160 graus do Porto - É significativo que os livros fossem das mercadorias mais procuradas pelos funcionários do porto, que revistavam os barcos que chegavam em busca de manuscritos de todas as origens. As ordens dos faraós Ptolomaicos da dinastia macedónia eram muito claras. Ptolomeu I, o fundador da dinastia, ex-general de Alexandre Magno, queria edificar uma cidade cuja força, poder e brilho estivessem sobretudo na posse, mas também na construção de conhecimento. 



Porto-Este - Só por si merece ser contemplado de todas as vertentes. Naquela faixa de terra que vem de este, a partir da esquerda, pontificou praticamente até ao séc. V ou VI da nossa era o Farol de Alexandria, o primeiro farol da história, com os seus cento e muitos metros de altura. Designado como uma das 7 maravilhas do mundo antigo, foi mandado construir pelos Ptolomeus, no séc. III a.C.



De novo o Porto - Os seus braços abraçam o mar, dispostos a receber quem quer que venha de boa vontade. Quando nele pontificava o farol, com a sua luz permanente dando as boas vindas aos recém-chegados, o Porto era um símbolo de luz, abertura e conhecimento. 


Ali ao fundo, no centro da imagem, pontifica agora, imponente e sólido, um forte feito para proteger e repelir. Noutros tempos, ali mesmo pontificava um farol, feito para guiar, iluminar e dar às boas vindas. 

O mar límpido do Porto. Que segredos esconde ainda?



Junto ao cais, virado para oeste.

De vez em quando pescam-se aqui umas belas relíquias








Os gatos tinham uma importância considerável para os antigos egípcios, ao nível de divindades. Será por acaso?




Junto ao cais, virado para este


...um sintoma da incúria e ignorância dos próprios habitantes. Triste.


...e depois de calcorrear todo o cais, eis que se chega mais ou menos a meio caminho entre os dois extremos do Porto. 

Uma das praças centrais de Alexandria, a umas centenas de metros do Porto


Uma rua praticamente tomada por alfarrabistas de rua. Talvez o amor pelos livros ainda esteja vivo, quanto mais não seja latente no íntimo dos seus habitantes.


Cá está.


Complexo romano de anfiteatro e banhos































...o antigo subjugado pelo novo...


Ainda no complexo - Série de estátuas e outras relíquias, completas e incompletas, recuperadas nas profundezas subaquáticas do Porto-Este (lá em cima nas fotos...)


Esfinge de Séti...ou Ramsés


Outra esfínge...

Mesmo incompreensíveis para um leigo em hieróglifos, estes caracteres têm qualquer coisa de majestático. Transmitem uma espécie de harmonia, bem ao jeito da ordem de Maat que os egípcios tanto veneravam. Ordem, razão, luz, esclarecimento, equilíbrio. Onde ficou tudo isso?


Baixo relevo de Séti I 

Mais hieróglifos

Conseguem ver a ave que transporta o ka (alma, consciência ou o que se quiser chamar) do faraó?









Biblioteca Alexandrina - O mundo em livros


A vertente traseira da Biblioteca. Com diferentes signos, símbolos e caracteres se escreveu a história do pensamento de todos os tempos.

Já no pátio interior. Busto de Alexandre Magno, o fundador da cidade. Ao fundo a esfera do planetário. 


O Porto-Este visto a partir do pátio interior da Biblioteca. Seria esta a vista a partir da biblioteca original?


Demetrius of Phalerum (350 a.C. - 280 a.C.) - o antigo estudante de Aristóteles que se pensa ter inspirado Ptolomeu I a construir a Grande Biblioteca original


No espaço interior da Biblioteca

Quilómetros de estantes (a biblioteca tem neste momento cerca de 8 milhões de livros)













...e apesar do absurdo de só abrir às 11 horas da manhã à semana, e às 12 horas ao sábado, e de todos os estudantes terem de pagar três libras para entrar (estudantes não egípcios pagam cinco), é um local de estudo muito procurado por todos

















Museu Nacional de Alexandria
(as fotos possíveis, dada a proibição de fotografar dentro do museu)





Estátua do deus Serápis, deus escolhido e de certo modo inventado por Ptolomeu I para ser o deus nacional do Egipto ptolomaico. Este deus é uma fusão de três deuses, desenhado para agradar tanto a egípcios como a gregos: Osíris, uma das mais antigas e significativas divindades egípcias (daí também ser chamado "Useserapis"); Ápis ou Hapi, deus touro egípcio; e Poseidon, o poderoso deus grego dos oceanos. Tem também traços que remetem para Zeus, a principal divindade do panteão grego, o "rei dos deuses". Trata-se de um dos exemplos mais paradigmáticos da fusão das culturas egípcia e helénica que teve lugar durante a dinastia dos Ptolomeus, após a conquista do Egipto por Alexandre, O Grande.




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